Este artigo tratará de um comportamento muito comum dentro das famílias disfuncionais, não havendo limites relacionados a sexo, condições socioeconômicas, culturais, cor ou religião
Falaremos da omissão e consequente subnotificação do abuso de menores, ou seja, do comportamento de pessoas, dentro da própria casa da vítima que se recusam a admitir e principalmente denunciar quando um membro da família, pratica abuso contra uma criança da casa, normalmente parentes de primeiro e segundo grau, vizinhos e amigos de confiança da família. A seguir, procuraremos entender como este triste mecanismo funciona
O abuso infantil é um problema que afeta crianças em todo o mundo. É uma tragédia global que persiste silenciosamente em todas as partes do mundo, deixando cicatrizes profundas e duradouras nas vidas das vítimas. Embora a obtenção de estatísticas precisas sobre o abuso infantil seja um desafio devido à sua natureza muitas vezes oculta, pesquisas recentes e esforços colaborativos revelam um panorama alarmante
De acordo com dados atualizados até 2021:
- Prevalência global: Estima-se que mais de um bilhão de crianças em todo o mundo, o que equivale a cerca de uma em cada quatro, tenham sofrido algum tipo de abuso ou negligência. Esses números alarmantes transcendem fronteiras, culturas e níveis socioeconômicos;
- Tipos de abuso: O abuso infantil pode se manifestar de várias maneiras. Aproximadamente 1 em cada 10 crianças é vítima de abuso sexual, enquanto muitas outras enfrentam abuso físico, emocional ou negligência;
- Consequências devastadoras: O impacto do abuso infantil é avassalador. Crianças que vivenciam essa terrível realidade têm uma probabilidade significativamente maior de enfrentar problemas de saúde mental, como depressão e transtorno de estresse pós-traumático. Além disso, muitas vezes enfrentam dificuldades sociais, educacionais e comportamentais que podem perdurar ao longo de suas vidas;
- Subnotificação persistente: A subnotificação ainda é um problema crônico quando se trata de abuso infantil, devido ao medo das vítimas de retaliação, estigma e à relutância em relatar abusadores, muitas vezes membros da própria família, além de outros fatores que detalharemos a seguir;
- Esforços de prevenção e conscientização: Organizações governamentais e não governamentais em todo o mundo estão intensificando seus esforços para prevenir o abuso infantil por meio de campanhas de conscientização, educação pública e serviços de apoio às vítimas. A importância da prevenção primária e do apoio às famílias em risco está sendo cada vez mais reconhecida
Você pode ajudar!
A maioria dos canais de denúncia permitem que estas sejam feitas de forma anônima. Você pode denunciar sem se comprometer
A importância da comunidade e da sociedade
A responsabilidade de proteger as crianças de abusos não recai apenas sobre os sistemas de proteção infantil, mas também sobre a comunidade e a sociedade em geral. Denunciar suspeitas de abuso, apoiar famílias vulneráveis e criar um ambiente seguro para as crianças são alicerces fundamentais na luta contra o abuso infantil, ou seja, se você é da área da Educação, Saúde, ou simplesmente um vizinho, ao perceber qualquer comportamento suspeito, observe e denuncie!
Em síntese, o abuso infantil continua a ser um desafio global devastador que demanda atenção e ação imediatas. É um problema que transcende barreiras geográficas e culturais e requer um compromisso global contínuo para proteger as crianças e garantir um futuro mais seguro e saudável para todas elas
2023. Mais de 17 mil violações sexuais contra crianças e adolescentes foram registradas de janeiro a abril deste ano.
O Disque 100 (Disque Direitos Humanos) registrou mais de 17 mil violações sexuais contra crianças e adolescentes de janeiro a abril deste ano. Nos quatro primeiros meses de 2023 foram registradas, ao todo, 69,3 mil denúncias e 397 mil violações de direitos humanos de crianças e adolescentes, das quais 9,5 mil denúncias e 17,5 mil violações envolvem violências sexuais físicas – abuso, estupro e exploração sexual e psíquicas.
O comportamento das mulheres adultas face a descoberta do abuso infantil praticado por um membro da família ou amigo
Infelizmente é muito comum que mães e avós, que predominantemente, são responsáveis diretas destas crianças, tenham o seguinte comportamento:
- A questão econômica: “Ele sustenta a casa (…)”
O fator econômico influencia, infelizmente, na tomada de decisão em proteger a criança, quando não deveria e de fato, não justifica o acobertamento. Quem tem este pensamento deveria ser igualmente penalizada na descoberta do abuso nos rigores da Lei; - Dois pesos duas medidas: “Não posso deixar prenderem o meu filho/marido, vão judiar dele na cadeia”
É comum também que tais mulheres deem preferência na pseudo redução de danos, pois, normalmente, a vítima é a mais indefesa e intrinsicamente insignificante dentro da constituição familiar em que vive, perante a casa e o agressor. Já o abusador é mais relevante por diversas questões, assim sendo, preferem deixar a pessoa que sofreu o abuso no vácuo e o abusador seguindo vida normal, pois é menos danoso, segundo esta monstruosa visão. Quem sofre o abuso, nestes casos, esta fadado, normalmente, a ganhar a fama da culpa, da loucura e da mentira e é muito comum que tais pessoas sejam acusadas e desprezadas no seio familiar; - Distúrbios psicológicos e/ou pura crueldade: Comportamento naturalmente perverso, predominantemente, proveniente de mulheres narcisistas (mães e avós narcisistas) que simplesmente, são incapazes de sentir, de ter empatia e assim sendo, culpam a vítima, debocham, descredibilizam e ainda difamam para proteger os homens da casa;
- O ciúme e a distorção dos papeis na família: Há ainda o tipo de mãe que compete com a filha adolescente. Ela não tem maturidade para entender que a filha é de sua responsabilidade e não uma rival. Nestes casos, numa situação de abuso por parte do pai ou padrasto, ela não enxerga o que deve ser visto, ela vê a filha como outra mulher, em virtude dos olhares e de circunstâncias observadas dentro de casa. Assim sendo, a própria filha passa a não ter valor, recebe a culpa, então é difamada e muitas vezes expulsa de casa sem maturidade, suporte financeiro, apenas é uma culpada e muitas vezes, trata-se de uma criança, acusada de se insinuar. Este tipo de mãe após acusar a filha, utiliza-se disto para fortalecer o próprio relacionamento com o abusador, pois para ela, é mais viável manter o casamento a qualquer custo;
- Classes sociais e erudição: É engano pensar que uma criança em um lar abastado, de “pessoas cultas e ricas”, está protegida quanto a isto. Todos precisam entender que isto pode ocorrer em qualquer lugar, não importando etnia, condições econômicas, sociais etc;
- “Mas esta criança tem tudo o que quer, os melhores brinquedos, estuda em colégio particular, está bem-vestida e bem nutrida…Não pode ser verdade”: A associação das condições econômicas e cuidados com a criança ou adolescente, também funciona como um indício de normalidade, como se tais indícios fossem provas irrefutáveis de que não podem sofrer algum tipo de abuso. Ledo engano! E assim, ao pedir ajuda, a vítima é tida como mimada, ingrata e mentirosa: “Quando eu era da sua idade não tinha nada do que você tem, o que você esta dizendo é muito grave, seus pais dão tudo para você” . As pessoas enxergam as condições financeiras, comparam com as dela e se for inferior, quem esta do outro lado não sofre “porque tem tudo” e é invalidada;
- Religião: Líderes religiosos podem não ser o exemplo que pregam perante a sua comunidade, portanto, não devemos usar como parâmetro seus cargos religiosos como uma couraça de integridade. Muitas vezes, também, mulheres integras denunciam e são descredibilizadas devido ao poder do cargo religioso que o abusador exerce em sua comunidade;
- O perigoso inconsciente coletivo da família NÃO disfuncional:
- Felizmente, a grande maioria, possui famílias dentro de uma normalidade esperada. Sendo a maioria das pessoas pertencentes a este modelo de família, não disfuncional, possuem um bloqueio psicológico de pensar que tais situações sejam possíveis, pois possuem pais, irmãos e outros familiares dentro de uma normalidade ficando assim impossível conceber que existam modelos diferentes. Tais pessoas, estão atrás de balcões de delegacias, dentro de órgãos de proteção da criança, do adolescente e da mulher mas felizmente, para elas, não generalizando, coisas absurdas podem soar como mentira ou muito surreais para suas mentes conceberem e infelizmente para as vítimas esta é uma realidade difícil de ser interpretada para aqueles que não passam por tais situações, mesmo com a melhor das intenções de fazer a justiça acontecer. Você, por exemplo, acreditaria que uma mãe poderia abusar sexualmente de um filho ou filha? Desafia o senso de realidade, da sua realidade, mas existe. Se um amigo lhe contasse que sofreu isto, você acreditaria?
- Cargos e poder: O indivíduo x perante a sociedade tem enorme credibilidade por ter uma situação financeira boa, por profissões de prestígio e parecer um exemplo irrefutável de retidão perante pessoas do seu convívio, assim sendo, ele se torna por estes fatores, uma pessoa fora da crença de que faria mal a uma criança… É este tipo de percepção que deve acabar, qualquer um, independente de seu status como indivíduo na sociedade deve ser denunciado. Mais uma vez, uma pessoa com menores atributos relacionados a isto, pode facilmente ser descredibilizada durante o processo de uma denúncia;
O comportamento da vítima ao longo dos anos
É muito importante um olhar mais aprofundado em indivíduos tidos como “ovelha negra da família”. Isto é um aprofundamento de percepção que todos devem ter muito importante, pois em famílias disfuncionais é também muito comum que uma criança seja eleita como o bode expiatório. Por ter sofrido alguma violência grave, os próprios membros da familia a fim de protegerem o agressor, atribui a esta criança inverdades e descredibilização para outros familiares, vizinhos e todas as pessoas do círculo de convívio até sua idade adulta. Assim com a reputação manchada, jamais alguém acreditará na vítima
Normalmente o berço familiar possui um outro problema maior, como um pai alcoólatra ou abusador, um irmão perigoso que comete atos ilícitos. “A quem atribuiremos a culpa para sermos uma família normal?” Então o mais frágil é elencado para receber a culpa, estatisticamente, predominam-se neste grupo, pessoas do sexo feminino, normalmente o mais jovem da casa, o mais fraco física e psicologicamente
Esta criança, se torna adolescente, adulta e carrega um estigma de destruir sua família. Normalmente, uma família já disfuncional, entretanto, constituída de indivíduos com alta credibilidade falsa perante a sociedade. É acusada de roubar, de usar drogas, de perturbações gerais que supostamente cobrem a mácula de sua família. Recebemos diversos relatos de pessoas formadas, trabalhadoras e integras que na infância sofreram abusos e que a família achou um jeito de descredibiliza-las para ocultar um motivo maior para todo o sempre, pois como ressaltamos, os mais fortes são protegidos e os mais fracos subjugados. Então, em seu seio familiar é totalmente descredibilizada por um motivo sombrio maior e normalmente, não pertencente a ela. É importante ressaltar que nos referimos aos indivíduos realmente inocentes de tais acusações!
Todos somos responsáveis pelo bem estar de todos em sociedade e é de responsabilidade de todos nós detectar sinais e ajudar