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O ghosting nos processos seletivos e outras disfuncionalidades

De um lado, empresas e recrutadores. De um outro, um número, uma meta a ser cumprida chamada candidato e suas competências. Devemos normalizar o vácuo? Saiba mais sobre o ghosting nos processos seletivos

Uma empresa possui suas metas e urgências,  diante do cenário de um mundo cada vez mais ágil com necessidades urgentes, a questão é: esta urgência precisa ser regada a falta de respeito e descaracterização do elemento humano? O linkedIn é lindo, um lugar onde todos são perfeitos e onde recrutadores são humanos, suas empresas cheias de apresso pela pessoas … Na pratica diária isto ocorre verdadeiramente?  

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Na era pós advento da internet, a nova maneira de se fazer tudo online, diante do cenário quase apocalíptico que o mundo passou, novos costumes foram sendo implantados, naturalmente diante das novas necessidades.
Imaginemos uma entrevista presencial:
O recrutador se apresenta, apresenta a vaga e faz perguntas, ou solicita testes ao candidato. O candidato então, responde, faz os testes e… de repente, ele fica invisível. Tenta retomar a conversa diante do recrutador e percebe que o recrutador não esta mais o enxergando. Ele tateia o próprio corpo para ver se esta ali, se não sofreu uma alucinação. O recrutador continua sentado a mesa e parece não mais enxerga-lo. Então ele acena com as duas mãos, mas é inutil. Levanta-se e vai embora pensando: o que aconteceu? Tenho todas as competências para a vaga e gabaritei o teste. Eu não posso estar louco. Ninguém fica invisível (…)

É esta a sensação que muitos profissionais estão enfrentando. Importante ressaltar que independentemente de ter sucesso ou não na entrevista, todos precisam de um feedback

Colocando-se no lugar de um recrutador de qualquer área, ele também é pressionado para conseguir o candidato ideal, se for uma consultoria, a situação piora. O cliente quer o candidato ideal para ontem e, normalmente, um recrutador, administra várias vagas… Entendemos que não é facil, então este acaba enchergando do outro lado, apenas um número. Deve mesmo ser assim?

Por outro lado  candidato, não é um pacote de skills e soft skills é um ser humano e o que deve estar acontecendo com ele? Por estar procurando se recolocar, pressupõe se que esta sem renda, com contas, muitas vezes atrasadas ou na iminência de perder sua casa. Então ele se desdobra em dez e na maioria das vezes fica apenas invisível e esta invisibilidade causa angústia, descrença em si mesmo, abre um leque de dúvidas sobre si mesmo e pode causar depressão, stress e ansiedade

Quem está do outro lado, o candidato é real? É uma pessoa?

Para todas as áreas, especialmente, tecnologia é comum que recrutadores solicitem testes. Testes as vezes complexos e trabalhosos para mostrar proeficiencia em diversas áreas do conhecimento e por muitas vezes, este candidato se esforça, as vezes por dias e não recebe sequer um muito obrigado ou qualquer feedback, fica no vácuo, interage com o recrutador que não mais responde. É o ghosting, termo em inglês que vem de “ghost” fantasma, que consiste no sumiço repentino de quem estava do outro lado da tela 

Nas entrevistas de emprego, quem está do outro lado, não fisicamente, figura como uma alegoria e não parece real, mas, são pessoas e são reais!

A cada dia, profissionais de todas as áreas relatam total falta de respeito por parte de recurtadores que pedem todo o esforço do candidato ou demonstram que ele esta na etapa final, para depois deixar estes candidatos no vácuo, sem respostas. Vejam algumas situações:

– Entrevistas com gestores estrangeiros em fusos horários diferentes. Ex: o recrutador pergunta se o candidato poderia fazer uma entrevista às 4h da manhã, (horario de brasilia), ele aceita, faz a entrevista final, o caso não passe,  o recrutador o bloqueia, simples assim;

– Profissionais de TI são requisitados a fazerem integrações com APIs ou desenvolver sistemas completos (para mostrar conhecimento técnico), que demandam dias e até semanas, para depois serem ignorados para sempre

– Profissionais da área financeira ou de marketing são desafiados a resolverem um problema, projetando uma solução completa, dentro de um escopo rígido de requisitos para depois jamais serem abordados novamente

Feedbacks mal sucedidos e estratégias para o próprio candidato desistir 

O ghosting já e ruim por si só, mas, os feedbacks duvidosos também. Alguns recrutadores e empresas ficam segurando candidatos por semanas, não tomam decisões e quando tomam, na maioria das vezes despedem-se de candidatos com um feedback pseudo positivo que desafia a inteligência do candidato. 

Num outro cenário, não informa ao candidato de que ele não agradou suficientemente, mas, segura-o, caso não apareça “nada melhor” e o pior: informam isto para ele! 

“Você é muito qualificado para esta vaga, passou em todos os testes, entretanto, por este motivo, o gestor desejaria alguém com menores qualificações. Estamos entrevistando outras pessoas e ainda há uma hipotese de você ser chamado, pedimos que você aguarde um pouco mais” 

É bastante obvio, mas, candidatos muito jovens, ou muito velhos, pouco qualificados ou muito qualificados, lutam contra o tempo. Da mesma forma, são pessoas e possuem necessidades como comer, pagar contas, morar e diversas outras necessidades. Um recrutador profissional sempre deverá dar um feedback positivo ou negativo, mas, deve fazê-lo com respeito ao profissional, pois do outro lado, está o elemento humano. Já que o tempo é curto, sugerimos um plano de ação para que sejam contemplados todos os candidatos com início, meio e fim. A tecnologia pode ser usada para isto

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