Em 100% dos casos, denunciantes de violência doméstica são pressionados a nao seguirem com a denúncia com o argumento de que vão estragar a vida do agressor
A contenção da denúncia, normalmente é fortemente pregada por familiares e amigos próximos, não importando o que o agressor tenha feito à vítima, repetindo, não importando o que o agressor tenha feito à vítima e quanto mais grave, mais a vítima é coagida a não denunciar. É comum que após este passo, inicie-se um processo de invalidação e descredibilização, ou seja, num primeiro momento, familiares e amigos, vão pedir para que a denúncia não seja feita e se esta for feita, haverá retaliações, ameaças e mentiras com o intuito de proteger agressores
Seguir com a denúncia é encarar três desafios principais
O relacionamento da vítima com amigos e parentes:
Agora, além de agredida e fragilizada, a mulher passa a também ser mal vista pelas pessoas do meio em que vive, pois supostamente, ela “estragou” a vida do agressor” ;
O contra-ataque:
A mulher passa a receber ameaças, a ser caluniada e difamada (na melhor das hipóteses), pois o agressor, pode usar a lei para fazer retaliações ou não, respondendo com mais violência e ações fora da lei
A violêcia
Uns usam advogados e testemunhas falsas para se defender, entretanto, uma outra parcela, utiliza-se de ameaças de morte, mais violência até mesmo as vezes com apoio de familiares
Por que muitas mulheres recusam a medida protetiva?
O grande passo é dado. A mulher, toma coragem de ir à delegacia e relatar o que acontece. A grande verdade é que as vezes, caso a mulher não tenha marcas de violência aparente, a propria delegacia não da muita importância, visto que, a maioria retira a queixa ou recusa medidas protetivas. Há também a questão da negligência, as vezes é necessário que a mulher vá 2, 3 vezes na delegacia a fim de registrar um boletim de ocorrência
Mas, porque desistem ou porque recusam a medida protetiva? Existem múltiplos fatores, como por exemplo, o agressor ser o provedor da casa, o medo de ficar sozinha, a fragilidade mental devido a constantes ameaças e sofrimentos, mas o maior deles é a questão da pressão das pessoas próximas.
Quando a mulher consegue ir em frente e denunciar, com evidências, os agentes da delegacia perguntam: Deseja uma medida protetiva? E a mulher não aceita pois ela ouve inconscientemente que esta medida será um atestado que manchará para sempre a reputação do agressor. Ela pensa que é como se ele recebesse um carimbo na testa: “Sou agressor”, mas, tudo o que ela deseja é somente que tudo pare, infelizmente, esta ação de decidir sobre uma medida protetiva ou não é um fator crucial para sua segurança onde o arrependimento sempre vem, onde as vezes é tarde demais
E quando a denúncia é contra um parente de primeiro grau, pai, mãe, irmãos, ai a mulher enfrenta outro tipo de negligência devido a crença da sociedade de que, por exemplo, pai e mãe sempre tem razão. Que o irmão espanca a irmã porque quer protegê-la, esta parte é perturbadora, pois como descrito em diversos relatos aqui no Disfuncional, denunciar pai e mãe é pecado, pai e mãe são sagrados e de acordo com o inconsciente coletivo da humanidade todos são bons. Vale ressaltar que estamos usando o termo mulher, mulheres, entratanto, as violências recaem sobre os homens também que por, novamente, crenças arraigadas na sociedade sobre homem ter que ser “macho” a coisa piora. Neste momento, muitos homens estão sofrendo violência, mas, não podem denunciar, pois, sofrerão deboche em todos os lugares. Queremos encorajar que todos os seres humanos que sofram qualquer tipo de violência que tenham noções dos seus direitos de integridade e que quebrem estes tabus a fim de que a cada dia, seja mais difícil para agressores de qualquer sexo praticarem seus atos violentos
A violência não escolhe classe social, aparência, cor, ela simplesmente existe
Ana Hickmann foi vítima de várias violências verbais, psicológicas e por fim, física, ao longo de sua vida com Alexandre e quando decidiu falar, o massacre da sociedade foi avassalador. Os veículos somente divulgavam notas sensacionalistas, questões financeiras, as pessoas não tinham empatia por ela ser bonita e rica… De fato, esta mulher sofreu e esta sofrendo com dois fardos: o da violência em sí e das reações humanas nas mídias sociais e possivelmente, deve estar sofrendo também pressão de familiares e amigos próximos do conjuge para que “não estrague a vida dele”
O agressor parece ter o direito de agredir gota a gota, todos os dias e as vezes, uma única agressão, pode ferir a vítima na alma pelo resto da vida. Vidas são estragadas a todo momento por estes agressores, mas, na hora do seu julgamento…Ah! Não se pode estragar a vida deles
A problemática do abuso sexual proveniente de familiares de primeiro grau, amigos e vizinhos. A denúncia fica mais difícil
O abuso sexual de menores, em sua maioria é proveniente de familiares de primeiro grau, parentes e amigos. Infelizmente, a vítima é compelida a não denunciar e todos omitem o caso. Quando esta vítima busca ajuda ou quer denunciar, todos se unem para descredibiliza-la, atribuem a esta vítima, problemas mentais, chamam de mentirosa, fazem um verdadeiro complô macabro para “não estragar a vida dele”, adolescentes ouvem: “Vc quer ver o seu pai na cadeia?”
Jamais importa o que o agressor tenha feito, o costume social será sempre o mesmo: “não estragar a vida dele”
O agressor parece ter o direito de agredir gota a gota, todos os dias e as vezes, uma única agressão, pode ferir a vítima na alma pelo resto da vida.
Assista à reportagem do Domingo espectacular onde Ana Hickmann fala abertamente sobre o ocorrido, mencionando as dificuldades de denunciar e todos os problemas relacionados a esta atitude de coragem